Falece agora de manhã Elza do Caroço - ícone da cultura Tutoiense

"NÓS VEM DE AREIA BRANCA
NOSSA CANOA É O MAR
NÓS VEM DE AREIA BRANCA
NOSSA CANOA É O MAR
NÓS MORA LÁ EM TUTÓIA 
CIDADE DO BEIRA MAR!"
Elza do Caroço de Tutóia.

Este trecho de música/cantiga levou o nome de Tutóia para além do Oceano Atlântico. Sua legítima autora falece e não percebi nenhum reconhecimento por parte do poder público e ou da cultura local. Assim se vão nossos ícones e parece que ninguém vê.

Dona Elza faleceu em casa de morte natural. Nos últimos dias apresentou coplicações de uma doença que tinha. Idade não sei ao certo, mas estava perto de completar 80 anos. O corpo está sendo velado na residência do seu neto no povoado Bom Gosto onde residia atualmente e deve ser levado agora à noite a Tutóia Velha, sua casa primeira, devendo ser sepultada no cemitério daquela comunidade amanhã de manhã (20).


Morre agora de manhã esse ícone da cultura tutoiense.

D. Elza como era conhecida deixou gravado seu nome na História da "cidade das areais brancas" quando introduz a dança e as músicas do caroço nos arraiais de Tutóia.

Suas "cantigas" como ela chamava a levaram pra fora do país, como a Europa, por exemplo.
Gravou CD's e foi convidada a participara de vários arraiais por esse Brasil afora.

Elza teve apenas um filho (falecido) e residia atualmente no povoado Bom Gosto com seu neto.

Clique e Veja aqui  Documentários em que ela leva o caroço e os caixeiros às telas do Brasil: Documentário Sobre Elza





Irreverência, dedicação e amor com o que gostava de fazer.

Do Titular do Blog: A cultura de Tutoia vai perdendo seus maiores nomes e parece que não há nenhum registro. Vá em paz D. Elza. Muito nos deixou, ao menos, na lembrança.


Leia um trecho de uma entrevista com D. Elza disponível no site de Sérgio Ramos

Elza Souza Mendes (Dona Elza), uma lição de vida.
"Prá ficar alegre? Acho que é quando vem de dom mesmo. A mamãe dizia que “derna de bobisca” , ela me dava uma palmadinha e acabava que eu ficava sorrindo. 
Quando eu peguei a começar a falar e entender ela, quando ela queria me dá eu corria pra cima dela me rindo ela, “calmava”. Acho que já vem “mermo”, né? 
... Ficar alegre, que tristeza não paga conta, paga dívida, (gargalhada) tristeza não paga dívida... (mais gargalhada, a gargalhada da Dona Elza).
Alegria leva a tudo. Ahã, eu vou ficar triste! Isto faz a gente ficar “véio” e feio. Comigo não tem tristeza, embora esteja chorando, ainda choro sorrindo". 
Escute o texto (clicando nos liks abaixo) na voz daDona Elza e você nunca mais vai reclamar da vida".Marimbondo - Vira-moenda.

DANÇA DO CAROÇO
De origem indígena, a dança do Caroço se concentra na região do Delta do Parnaíba, principalmente no município de Tutóia. É executada por brincantes de qualquer sexo ou idade.
As toadas improvisadas são tiradas pelos cantadores com o acompanhamento dos brincantes que respondem com o refrão, acompanhados de instrumentos como caixas (tambores), cuíca e cabaça.
Com roupas simples e livres, os componentes dançam isolados formando uma roda ou cordão. As mulheres trajam-se com vestidos de corpo baixo, na cor branca, com gola redonda e mangas com quatro folhos pequenos do mesmo tecido da saia, que deve ser estampada, franzida e curta, com três folhos.
Dona Elza, é a maior referência desta dança no Maranhão


Duas de suas "cantigas"
Areia Branca - música em .mp3
Autor/Intérprete: Elza Souza Mendes
Dança do Caroço - Tutóia/MA

Refrão
Nós vem da Areia Branca
Nossa canoa é o mar
Nós mora lá em Tutóia
Cidade de beira-mar

Deixe eu ir cantar agora
Que ainda eu não cantei
Deixe eu ver a minha voz
Sem data como eu deixei

Refrão
Você me mandou cantar
Vou fazer sua vontade
Que graça vocês acharam
De ver cantar quem não sabe

Refrão
Você mandou cantar 
Pensando que não sabia
Nós somos como a cigarra
Quando eu não cantar assobio

Refrão
Vou me embora, vou me embora
Como eu já disse que vou
Aqui eu não sou querida
Na minha terra eu sou.

Autor/Intérprete: Elza Souza Mendes
Dança do Caroço - Tutóia/MA

Eu plantei meu pé de lírio
Na cacimba de beber
A malvada da morena
Deixou meu lírio morrer

Refrão
Massarico da lagoa
Avoa, avoa
Se tu quiseres avoar, avaodor

Eu dei um nó na fita verde
Desmanchei na encarnada
Quem souber do meu segredo
Se cale, não diga

Refrão
Eu tenho dois anéis no dedo
Um é de ouro 
Outro é de prata
Tenho dois amor amor na vida
Um é de branco outro é mulato

Refrão
Eu vou embora, eu vou embora
Pra banda que meu bem mora
Meu coração tá pedindo
Quer que eu me arrume e vá embora

Refrão 
Ah! Não picote a bananeira
Deixe o cacho amarelo
Não despeça o tambor velho
Deixe o novo acostumar

Refrão
Eu vou embora, eu vou embora
Mas a Marica, meu bem
Ela vai no seu cavalo
E eu vou a pé que eu não tenho

Refrão
e menino eu vou embora
Lhe escrevo lá do caminho
Se eu não achar papel
É nas asas do passarinho

Ficha Técnica
Caixa -Bernardo AwDomingos Roque/Francisco dos Santos/Antônio José da Silva Pereira
Cabaça - João Evangelista G. Mendes/Antônio José da Silva
Canta e Dança - Elza Souza Mendes/Francisco das Chagas/Eline da Conceição Mendes/Domingos Roque.

Fonte: CD "Brincando no Arraial III" - 1996.

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