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O Dia Internacional da Mulher chama a atenção para
as desigualdades de gênero, violência e conquista de direitos. Costuma-se
apontar a falta de equidade em áreas como a ciência ou em posições de poder,
mas na literatura há também um número menor de mulheres que conseguem
reconhecimento sobre suas obras.
Em 115 anos, apenas 13 mulheres receberam o prêmio
Nobel de Literatura. No Prêmio Camões, que é concedido por Brasil e Portugal a
escritores lusófonos, apenas seis mulheres foram homenageadas em 28 anos. O
Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, foi dado a apenas 12
mulheres desde 1959, na categoria romance.
Apesar do pouco reconhecimento, muitas autoras
escrevem sobre feminismo: seja do ponto de vista político, filosófico ou
social, seja por meio de poemas ou colocando mulheres como protagonistas em
histórias que provocam reflexão. Dessa forma, ajudam a compreender o movimento
que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres.
Conheça 10 escritoras que, em suas obras, ajudam a
compreender esse conceito:
Ana Cristina César
Também conhecida como Ana C, Ana Cristina César foi
uma poetisa brasileira que fez parte do movimento de Poesia Marginal e deixou
uma obra em que retrata seu cotidiano e intimidade, por vezes criticando
padrões de comportamento impostos à mulher. Em seus livros, em que a poesia se
mistura com outros estilos, como a carta e o diário, ela fala abertamente sobre
seu corpo e sua sexualidade.
Ana Maria Gonçalves
Antes publicitária, a mineira Ana Maria Gonçalves
abandonou a profissão para se dedicar à literatura e lançou, em 2006, o livro
Um Defeito de Cor. Na obra, ela mostra a trajetória de uma menina negra
capturada como escrava ainda na infância, e sua luta até se tornar uma mulher
livre. Além de retratar, na obra, a força da mulher, ela faz um relato
detalhado sobre a vida dos negros no Brasil Colonial.
Angela Davis
A filósofa e professora norte-americana Angela Davis
dá aulas no Departamento de Estudos Feministas na Universidade da Califórnia e
é ex-integrante do grupo Panteras Negras. Ativista pelos direitos da mulher e
pela igualdade racial, Angela é autora de diversos livros, e sua obra mais
conhecida, Mulheres, Raça e Classe,de 1981, foi traduzida e lançada no Brasil
apenas em 2016.
Carolina Maria de Jesus
A mineira Carolina de Jesus era catadora de
recicláveis e registrava seu cotidiano, na antiga favela do Canindé, na zona
norte de São Paulo, em cadernos que encontrava pelo lixo. Seus escritos,
datados de 1955 a 1960, se tornaram o livro Quarto de Despejo, que denuncia a
miséria, a fome e a violência sofrida por ela e seus vizinhos. A autora é
considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil, e ainda hoje é
considerada referência para estudos sobre a sociedade brasileira.
Chimamanda Gnozi Adichie
A escritora nigeriana Chimamanda Gnozi Adichie, de
39 anos, desponta como um dos principais nomes femininos da literatura
africana. Suas obras retratam o cotidiano de mulheres negras, abordando
questões como o racismo e a violência contra a mulher. É autora dos livros
Sejamos Todos Feministas e Para Educar Crianças Feministas – Um Manifesto, que
são uma introdução para quem busca compreender o assunto.
Clarice Lispector
Um dos maiores nomes da literatura brasileira,
Clarice Lispector é um dos exemplos em que o feminismo se mostra por meio de
mulheres protagonistas. Nos romances escritos por ela, as personagens mergulham
em reflexões sobre a condição humana, muitas vezes questionando o que elas são
e o que a sociedade impõe que elas sejam.
Conceição Evaristo
A mineira Conceição Evaristo é doutora em
literatura comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e se destaca
por abordar, em suas obras, a discriminação de gênero, raça e classe,
valorizando a reflexão sobre os afrodescendentes, suas memórias e sua
importância histórica para a cultura do Brasil. É autora do romance Ponciá
Venâncio (2003) e dos livros de contos Histórias de Leves Enganos e Parecenças
(2016) e Olhos d'Água (2014), este último vencedor do Prêmio Jabuti na
categoria Contos.
Simone de Beauvoir
A filósofa e escritora francesa, integrante do
movimento existencialista, é referência em estudos sobre o feminismo,
abordando, especialmente na obra O Segundo Sexo, a diferença entre a existência
e a construção social de gênero, bem como os fatores que levam à opressão das
mulheres. Ao falar de comportamentos e de estereótipos dos homens, ela critica
o patriarcado e a resistência dos homens à compreensão sobre as demandas
feministas.
Svetlana Aleksiévitch
A escritora ucraniana Svetlana Aleksiévitch é a
mulher que mais recentemente recebeu o Prêmio Nobel de Literatura (2015). No
livro A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, ela apresenta a história da 2ª guerra
mundial sob a perspectiva – até então desconhecida – das soldadas soviéticas
que estiveram no front de batalha atuando como franco-atiradoras, voluntárias,
pilotos de tanques ou enfermeiras. Com o livro, Svetlana mostra que os conflitos
militares costumam ter narrativas apenas masculinas, muitas vezes ignorando o
importante papel das mulheres em momentos históricos.
Toni Morrison
Toni Morrison é a única negra que recebeu o Nobel
de Literatura. A obra Amada, pela qual foi condecorada, conta a história de uma
ex-escrava que foge com os filhos após a abolição da escravatura nos Estados
Unidos. O livro é o primeiro de uma trilogia, que inclui ainda Jazz (1992) e
Paraíso (1997).
Com informações da Agência Brasil
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