Arraiá do Bom apesar de não ter tido apoio público, este ano sagrou-se como a melhor festa julina de Tutóia
Nonato Caema (esquerda), brincante (centro) Maxuel Rodrigues (direita),
um dos organizadores do evento/foto Paulo Silva
|
Falar do
Arraiá do Bom e não lembrar de quem da nome ao parque folclórico por onde
tantas danças se apresentaram durante esses vinte anos de festa seria, talvez,
uma injustiça com um dos maiores puxadores de toadas de Tutóia, seu Waldemar do
Bom Gosto, que em outrora cantou a simplicidade das brincadeiras culturais
"Minha Fantasia era feita de papel, e um pedaço de vidro, eu colocava no
chapéu, assim mesmo ele brilhava como estrelas lá no céu". Este brilho da
toada, pode ser compreendido como o brilho dessa festa popular, que vence o
tempo, que supera obstáculos, que continua mantendo viva a tradição de uma
comunidade, pois "quem vive a cultura, sabe o tamanho de sua
importância."
Os
amantes da cultura popular de Bom Gosto, seguiram a risca o que cantou por anos
Bartolomeu dos Santos “O Coxinho”, "São João mandou, que é pra mim fazer,
que é de minha obrigação, eu amostrar meu saber", e que saber é esse? O
saber se empenhar, o saber ser determinado e não desistir diante dos desânimos
que tendenciavam levar a desistência de algo tão cansativo, porém, gratificante
em cada aplauso, em cada palavra de apoio, para aqueles que estão a frente,
organizando um evento de encanto estonteante.
Por
alguns instantes, a tristeza permeou o semblante dos organizadores, diante das
incertezas em cumprir com as obrigações de cada apresentação agendada, muitas
de outras cidades e até estados, mas a união de um povoado fez jus a frase
célebre que diz: "Juntos, somos mais fortes". Forte no sentido da
vontade, do querer fazer acontecer, sensibilizando pessoas e transformando a
tristeza inicial numa alegria contagiante refletida em cada apresentação, em
cada coreografia, em cada gingado das centenas de brincantes que por lá
passaram.
Nildo
Lage, externa como ninguém, o significado de tudo isto, "A cultura de
um povo é o seu maior patrimônio, preservá-la é resgatar a história, perpetuar
valores, é permitir que as novas gerações não vivam sob as trevas do
anonimato". E por acreditar piamente na assertiva de Lage, o trecho da
toada do saudoso Humberto de Maracanã fundamenta: "Esta herança foi
deixada por nossos avós, hoje cultivada por nós, pra compôr tua história
Maranhão". Trazendo para a realidade local, o Arraiá do Bom é uma herança
cultivada por essa geração (organização), pra continuar compondo a história da
cultura de Bom Gosto e consequentemente, de Tutóia.
Parabéns
a organização pela belíssima e contagiante festa e ao Neto Pimentel pelo texto.
Texto: Neto
Pimentel
Comentários
Postar um comentário